sexta-feira, 30 de julho de 2010

Obrigado, António...



segunda-feira, 26 de julho de 2010

A escola e a violência



No meu tempo de estudante, não me lembro de situações graves de violência entre os alunos de uma mesma turma, ou de uma mesma escola. Quer dizer, de vez em quando, lá se ouviam uns insultos, lá havia o desaparecimento de uma mochila ou de uma peça de vestuário, uma sessãozita de pancadaria entre os rapazes de zonas diferentes, um fugaz episódio de umas dentadas e puxões de cabelos entre rivais admiradoras de um mesmo rapaz. Talvez até se verificassem situações deste tipo com mais frequência, ou com mais gravidade, mas posso não tê--las vivido ou conhecido porque era “uma menina bem comportada” (perdoem-me a presunção).
Hoje estou do outro lado. Apesar de continuar “bem comportada”, já não posso evitar situações em que os alunos se envolvem em discussões, acções ou comportamentos inadequados e violentos. Aliás, sou chamada a intervir, porque estar do outro lado implica também lidar com essas situações. Assisto, hoje, e tento responder da melhor forma, ao desaparecimento de um telefone, às intrigas dentro da turma, às “queixinhas” feitas de forma de cada vez mais subtis e refinadas, às dificuldades de integração de alunos em turmas ou em grupos que parece que se tornaram ”feudos”, ... Não é o que gostaria de ter na minha escola, mas é o que tenho, e vou fazendo o melhor que posso.
Confesso que nunca dei muita importância àquilo a que se tem chamado de bullying, ou violência escolar. Sempre achei uma dramatização excessiva, e não compreendo bem nem a natureza da sua origem, nem que propósitos serve. Aliás, penso até que essa dramatização conduziu a excessos, e esses excessos tornaram-se completamente inócuos na procura de uma solução para o problema (se era esse o objectivo).
Assisti, no entanto, a duas situações que vieram agitar o meu “mundo perfeito”. Numa, o Encarregado de Educação A dirige-se à escola para agredir fisicamente o Encarregado de Educação B, cujo educando tinha agredido o educando do primeiro. (Note-se aqui a precisão, e simultânea ironia, do título ‘Encarregado de Educação’). Na outra, como castigo a uns boatos maldosos lançados na escola por uma jovem A, três outras jovens (B, C e D) fecharam A numa casa de banho da escola e intimidaram-na a desdizer o que havia dito. D assistia, C provocava e B agredia fisicamente A. "Piéce de resistence": C estava munida de uma câmara de filmar e, findo o ajuste de contas, descarregou o filme na sua rede social.
Preferia não tê-lo feito, mas descobri finalmente o drama da violência escolar. A perversidade perdeu limites. Os nossos jovens estão a crescer com o que vão apreendendo do seu meio, desde os desenhos animados, às novelas ou aos grandes filmes do cinema, sem um único filtro. Os pais, os Encarregados de Educação, não têm tempo para lhes ensinar aquilo que é da sua responsabilidade. Absorvidos pelas necessidades do mundo que corre, muitas vezes também eles deixam esbater os próprios valores. A Escola, cujo papel se pode muitas vezes resumir como o de um maestro de uma cacofonia cada vez mais gritante, não tem instrumentos, nem poderes efectivos, nem conhecimentos (por que não admitir?) para cumprir a parte que lhe cabe.
Impressionante será dizer que, guardadas as devidas diferenças, há sistemas de ensino ditos de terceiro mundo que funcionam muito melhor do que o nosso. Por que será?

sábado, 24 de julho de 2010