segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Senhor do Metro

Conheço um senhor que encontro todas as manhãs numa saída de metro em Lisboa. Até à hora de almoço sei sempre que o posso encontrar ali. Entre os dois lances de escadas que dão para o exterior. Faça chuva ou faça sol, frio ou calor, ali está ele: o senhor do metro.
Nunca falei com ele… talvez não possa dizer que o conheço. Simplesmente, sei quem é.
O seu semblante não deixa transparecer o que lhe vai na alma. É uma pessoa difícil de ler. Passa o tempo absorto nos seus pensamentos, indiferente à variedade de pessoas que por ele passa a cada instante. Ou assim parece.
É uma pessoa bem-parecida, cuidada, de meia-idade. E, no entanto, passa as suas manhãs entre os dois lances de escadas daquela saída de metro. Intriga-me.
Sempre que passo por ele tenho vontade de lhe dizer olá, de lhe sorrir. Não sei porque mas o senhor do metro parece precisar de simpatia, de sorrisos, de alegria. Mesmo que apenas no fugaz instante de um cumprimento.
Nunca falei com o senhor do metro e, no entanto, simpatizo com ele, empatizo com a sua personagem.
Mas por outro lado, tenho pena dele… As suas manhãs são passadas entre os lances de escadas que dão para o exterior daquela saída de metro, a vender o que quer que seja que lhe parece ser útil naquele dia. Desde bolsas de telemóvel, pilhas, sabrinas, lenços de papel ou nos dias mais chuvosos, guarda-chuvas. E assim sustenta a sua manhã.
Um dia vi uma senhora dar-lhe cinco euros de forma dissimulada. Não o olhou, apenas lhos depositou na mão e disse “é para ti”. O senhor seguiu no seu encalço dizendo “leve algo” mas a senhora já ia no cimo do lance de escadas que dá para o exterior daquela saída de metro.
Sempre que passo por ele, assola-me um misto de sentimentos. Por um lado fico feliz por ver alguém tentar ganhar a vida de forma honesta. Por outro... sinto pena do senhor do metro. Porque será que passa assim as suas manhãs? Porque será que nunca consigo ler felicidade ou, no mínimo, descontracção na sua expressão. Tem sempre um ar absorto, pensativo, preocupado, o senhor do metro.

Apesar de tudo… gosto do senhor do metro. Um dia vou sorrir-lhe e dizer-lhe olá.

Joana Paulo

domingo, 28 de novembro de 2010

"Pocpoc!"

Estar numa cidade nova e tão diferente daquela de onde vimos implica responsabilidades que não tínhamos dantes. A maior parte dos universitários não tem a oportunidade de estudar na cidade onde cresceu e, portanto, vê-se obrigada a alugar um quarto ou apartamento onde vive durante a semana. Ao viverem com outras pessoas, torna-se mais fácil dividir tarefas, mas há algumas que temos que ser nós a fazê-las, como arrumar o quarto e… ir às compras!
Ontem foi um desses dias. Como não tinha aula de matemática, aproveitei para ir ao supermercado e consegui convencer umas amigas a vir comigo. Uma delas, como ainda nem sabia onde era o supermercado, ficou muito espantada quando se apercebeu de que tinha passado naquela rua várias vezes, mas sem ver o pequeno edifício, escondido por umas escadas e uma árvore enorme. Como não tinham nada para comprar, enquanto eu corria os corredores à procura do que precisava, elas iam passeando e vendo as coisas. A certa altura, uma delas pergunta-me onde estão as pipocas. Ora bem, eu que já tinha ido várias vezes ao supermercado mas nunca tinha reparado, pus-me mais uma vez a correr os corredores à procura com elas, até que finalmente encontrámos. Mas agora havia outro problema: doces ou salgadas? “Eu queria simples, sem nada…”, dizia ela, mas só havia aquelas variedades e acabou por levar das doces. Então o problema era como devia prepará-las. “Metes no microondas uns minutos e, quando elas começarem a estalar menos, tiras. Mas não te assustes quando elas começarem a fazer ‘pocpocpoc’ muito depressa!”.
Quando cheguei a casa, fui arrumar as coisas na minha prateleira e, quando olhei para a de uma colega minha, lá estavam elas! Um pacote de pipocas doces igual ao que a minha amiga tinha comprado! Nunca o tinha visto ali e parecia uma coincidência engraçada. Qual não foi o meu espanto quando, enquanto preparava o jantar, a minha colega de casa diz que está com vontade de comer pipocas! Pipocas, pipocas, pipocas! Parecia que estava a ser perseguida por elas e que toda a gente se lembrava de falar nelas. Já não pensava em pipocas há imenso tempo, mas em menos de vinte e quatro horas tinham invadido o meu dia e já não conseguia pensar em mais nada senão nelas!
Portanto, se algum dia se sentir perseguido por pipocas ou qualquer outro assunto de que falou, não se assuste pois não é o único. Agora que penso nelas, só consigo ver o saco a inchar no microondas e ouvi-las a fazer ‘pocpocpoc’!

E quando não sabemos?

Todos nós já nos deparámos com situações desconhecidas, sejam doenças, projectos novos de trabalho em que nos envolvemos ou mesmo um novo membro na família. Mas a diferença está na forma como as encaramos; o facto de ser desconhecido não significa que tenha de ser negativo.
Há muitos anos, na área da saúde, tudo o que era “diferente” era considerado uma abominação e os doentes eram simplesmente fechados num quarto ou abandonados à sua sorte. Pessoas com Síndrome de Down (trissomia 21), por exemplo, eram algumas das vítimas desta sociedade cruel e insensível. Outro bom exemplo são as crianças órfãs, que eram levadas para fazer trabalhos forçados em troca de um tecto e umas migalhas de pão, que nem um cão alimentavam.
Felizmente, hoje em dia muitas dessas coisas mudaram: já se sabe que a Síndrome de Down é uma doença genética, foi redigida e divulgada a Declaração dos Direitos da Criança e foram constituídas instituições de apoio a todas estas pessoas com o intuito de as incluir nesta sociedade que, apesar de mais informada, continua a discriminar muitos destes casos.
No entanto, e quando não sabemos? Devemos procurar entender, enfrentando a situação e não pondo o caso de lado; afinal, todos queremos o mesmo: ser felizes ao lado de quem amamos e de quem nos ama também!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

As marcas do tempo

Em Nova Iorque, onde nunca fui, as polémicas do momento envolvem o ramo da construção civil. Uma prende-se com a eventual construção de um arranha-céus a dois ou três quarteirões do Empire State Building, e quase com a altura deste. O facto de o desenho do novo edifício pertencer aos autores das maléficas torres Petronas, na Malásia, já permitia antecipar o pior. Os esboços divulgados antecipam pior do que o pior: é o mesmo que erguer a Gare do Oriente junto aos Jerónimos, com a agravante de o hipotético rival do Empire State ser mais feio do que a Gare do Oriente e o Empire State ser mais bonito do que os Jerónimos.
Sonho chegar a Nova Iorque pelo aeroporto JFK (via Newark, dizem-me, a perspectiva não é tão privilegiada) e esperar por aquele pedacinho de estrada em Queens que descreve uma lomba e revela gradualmente o Empire State, do topo para as zonas baixas onde os restantes prédios lhe prestam justa vassalagem.
Não deve haver outra imagem urbana assim poderosa, nem outro símbolo tão perfeito da doce demência que é Manhattan e do milagre que sempre me parece estar em Manhattan. Preferia que não me arruinassem a simbologia com entulho, mas é pedir muito.
A segunda polémica, infelizmente com maior impacto do que a primeira, prende-se com a construção da famosa mesquita nas imediações do Ground Zero. Apesar da discórdia, a ideia é engraçada. Obama opinou sobre o assunto e lembrou a liberdade de culto, embora provavelmente se estivesse a referir a outro culto.
Obviamente, estou a favor da mesquita. Desde que, conforme se sugeriu no blogue O Insurgente, a dita acabe rodeada por sinagogas, templos evangélicos, pregadores de rua, sex shops, travestis, corretoras, franchises de fast-food, uma produtora de pornografia e duas associações feministas a sério. Se a América é tolerância, convém tolerar completamente. Excepto a aberração que ameaça ensombrar o Empire State.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Férias...

Férias, as tão esperadas férias finalmente chegaram... Nada como um período de descanso após um longo e atribulado ano de trabalho para recarregar energias.
É nesta altura que aproveitamos para deitar contas a vida e preparar o ano que se segue. Não é por acaso que aproveitamos este interregno para sair da nossa rotina e experimentar sítios novos, ajuda-nos a "limpar a cabeça", como gosto de dizer. É o tempo, por definição, em que se aproveita para se fazer aquilo de que se gostava de fazer à muito e ainda não tinha sido possível realizar.
Agora, o importante é relaxar e aproveitar o tempo de descanso que ainda nos resta, para mais tarde iniciar uma nova etapa cheia de positivismo.

A todos, os votos de umas boas e merecidas FÉRIAS!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Silly Season

Fim dos Chumbos?
Tenham dó!

(Devem ser as altas temperaturas...)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Obrigado, António...



segunda-feira, 26 de julho de 2010

A escola e a violência



No meu tempo de estudante, não me lembro de situações graves de violência entre os alunos de uma mesma turma, ou de uma mesma escola. Quer dizer, de vez em quando, lá se ouviam uns insultos, lá havia o desaparecimento de uma mochila ou de uma peça de vestuário, uma sessãozita de pancadaria entre os rapazes de zonas diferentes, um fugaz episódio de umas dentadas e puxões de cabelos entre rivais admiradoras de um mesmo rapaz. Talvez até se verificassem situações deste tipo com mais frequência, ou com mais gravidade, mas posso não tê--las vivido ou conhecido porque era “uma menina bem comportada” (perdoem-me a presunção).
Hoje estou do outro lado. Apesar de continuar “bem comportada”, já não posso evitar situações em que os alunos se envolvem em discussões, acções ou comportamentos inadequados e violentos. Aliás, sou chamada a intervir, porque estar do outro lado implica também lidar com essas situações. Assisto, hoje, e tento responder da melhor forma, ao desaparecimento de um telefone, às intrigas dentro da turma, às “queixinhas” feitas de forma de cada vez mais subtis e refinadas, às dificuldades de integração de alunos em turmas ou em grupos que parece que se tornaram ”feudos”, ... Não é o que gostaria de ter na minha escola, mas é o que tenho, e vou fazendo o melhor que posso.
Confesso que nunca dei muita importância àquilo a que se tem chamado de bullying, ou violência escolar. Sempre achei uma dramatização excessiva, e não compreendo bem nem a natureza da sua origem, nem que propósitos serve. Aliás, penso até que essa dramatização conduziu a excessos, e esses excessos tornaram-se completamente inócuos na procura de uma solução para o problema (se era esse o objectivo).
Assisti, no entanto, a duas situações que vieram agitar o meu “mundo perfeito”. Numa, o Encarregado de Educação A dirige-se à escola para agredir fisicamente o Encarregado de Educação B, cujo educando tinha agredido o educando do primeiro. (Note-se aqui a precisão, e simultânea ironia, do título ‘Encarregado de Educação’). Na outra, como castigo a uns boatos maldosos lançados na escola por uma jovem A, três outras jovens (B, C e D) fecharam A numa casa de banho da escola e intimidaram-na a desdizer o que havia dito. D assistia, C provocava e B agredia fisicamente A. "Piéce de resistence": C estava munida de uma câmara de filmar e, findo o ajuste de contas, descarregou o filme na sua rede social.
Preferia não tê-lo feito, mas descobri finalmente o drama da violência escolar. A perversidade perdeu limites. Os nossos jovens estão a crescer com o que vão apreendendo do seu meio, desde os desenhos animados, às novelas ou aos grandes filmes do cinema, sem um único filtro. Os pais, os Encarregados de Educação, não têm tempo para lhes ensinar aquilo que é da sua responsabilidade. Absorvidos pelas necessidades do mundo que corre, muitas vezes também eles deixam esbater os próprios valores. A Escola, cujo papel se pode muitas vezes resumir como o de um maestro de uma cacofonia cada vez mais gritante, não tem instrumentos, nem poderes efectivos, nem conhecimentos (por que não admitir?) para cumprir a parte que lhe cabe.
Impressionante será dizer que, guardadas as devidas diferenças, há sistemas de ensino ditos de terceiro mundo que funcionam muito melhor do que o nosso. Por que será?

sábado, 24 de julho de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um Homem também chora ( por mais frio que seja... )

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Somos analfabetos?

O senhor Breton acreditava que a realidade era complicada devido aos analfabetos estarem sempre a perguntar, frente a uma frase escrita: o que é que isto quer dizer? *

Há dias, pouco antes do jantar, tropecei numa estranha reportagem sobre a estranha vida de algumas pessoas numa estranha instituição: o Hospital Júlio de Matos, ou, mais vulgarmente apelidado de “Hospital dos Malucos”. Ou, como agora se chama, “Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa” – parece que agora é mais chique chamar “Centro” ou “Central” a qualquer instituição ou serviço. (Dá-lhe importância, acho eu.)

Pense o leitor, por um instante. Não naquela coisa do centro, que daria mais que falar do que pensar. Pense o leitor, portanto, por um instante, que tinha de visitar aquela instituição, digamos, por exemplo, por uma tarde. Que ideias lhe atravessam o espírito?

A. « Sim, por que não? Deve ser uma experiência enriquecedora, conhecer as histórias das pessoas que lá estão, entrar um pouco no seu mundo e tentar percebê-lo, ...»
Hum..., talvez seja muito atrevimento da minha parte, ou cinismo, ou até pessimismo: quem é que tinha coragem para passar lá duas horitas que fosse?

B. « Por que raio iria eu agora até ao Júlio de Matos?! Não tenho lá nenhum familiar, não trabalho naquela área nem tenho nenhum interesse em particular, ...»
C. «Não sei se teria coragem para entrar num sítio daqueles, ...»

De facto, com a vida que nos vai levando nos dias que correm, uma visita àquele sítio seria quase irracional. Mas, por outro lado, já que seria irracional, estaríamos no sítio certo...
E se nos internassem?
E se ficássemos num estado intermitente entre a loucura e a sanidade, sem que nunca ninguém acreditasse em nós quando disséssemos “Eu não estou maluco!”?
E se perdessemos o contacto com o mundo cá fora durante os melhores vinte anos da nossa vida? E se ficássemos todos os dias à porta, à espera de uma visita que nunca mais chegasse?
E se aquele sítio, com aquelas pessoas vestidas de branco e as outras, se tornassem o nosso mundo, a nossa família, o nosso presente e futuro, aquele em que estaríamos perfeitamente encaixados, e tudo o resto deixasse de ter importância?
E se, depois, todo esse nosso mundo terminasse quando o Hospital deixasse de ser Hospital, para onde iríamos? O que faríamos?

O que é que isto quer dizer?

São as perguntas complicadas que complicam a realidade. Sem perguntas a realidade seria simples – pensava o senhor Breton. *
Mas a realidade não bastava, faltava a outra metade: a reflexão. *

E a reflexão, essa, deixo-a a cargo do leitor.

* Transcrições de O Senhor Breton e a entrevista, de Gonçalo M. Tavares

Torre de Marfim

Olhamos para os jardins vazios, vemos os baloiços nos parques infantis estáticos e os cafés “às moscas”. As pessoas não convivem como outrora conviviam. Deixaram de frequentar espaços públicos e passaram a refugiar-se nas suas casas fortes, nos seus ninhos impenetráveis, nas suas quatro paredes, cujas muralhas aparecem-nos como intransponíveis.
Por falta de tempo, devido ao aumento de criminalidade ou por qualquer outro motivo, tendemos a fechar-nos em casa e a trazer para dentro dela tudo o que encontrávamos lá fora. Compramos máquinas de café altamente especializadas para não termos de nos deslocar ao estabelecimento da esquina. Não podemos perder tempo! Construímos baloiços nos nossos jardins porque o parque infantil fica fora de mão na rota para o escritório. Há até casos de pessoas que constroem nas suas habitações salões de cabeleireiro, cinemas, saunas, spas, etc etc…
É normal que gostemos de ter junto a nós aquilo de que gostamos, mas deixa de ser saudável quando nos fechamos na nossa torre, mesmo que essa torre esteja provida das melhores condições, não deixa de ser uma prisão de marfim…
Por mais confortável que seja o nosso cinema em casa, nunca terá o cheiro das pipocas característico dum cinema normal. Por mais bom que seja o café que a nossa máquina tira, nunca terá o mesmo sabor que a “bica” no estabelecimento da D. Joaquina acompanhado por dois dedos de conversa com quem passa. Por mais poder que ter todos estes luxos nos traga, mais cedo ou mais tarde vamos perder os laços que nos unem as pessoas com quem costumávamos conviver nos espaços públicos e de que nos serve todas estas regalias se não temos com quem as partilhar?
Nessa altura devemos convidar a solidão para assistir a um filme…

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O caso da professora de Mirandela 'visto' por Ricardo Araújo Pereira

Na qualidade de antigo aluno, a notícia da professora de Mirandela que posou nua na Playboy deixa-me indignado: no meu tempo não havia professoras destas. Na qualidade de cidadão que já foi capa da Playboy, o facto de a professora ter sido suspensa faz com que esteja solidário: nós, as coelhinhas, devemos unir-nos. Devo dizer, aliás, sem querer ser corporativista, que, se eu mandasse, todas as professoras posariam nuas na Playboy. O Ministério da Educação continua entretido com programas e avaliações e ignora aquilo de que o nosso sistema educativo precisa: professoras nuas. Primeiro, por uma questão de disciplina. Nenhum aluno arrisca a expulsão da sala onde lecciona a Miss Fevereiro.
Segundo, por razões de concentração no estudo. Qualquer jovem aluno já deu por si a imaginar a professora sem roupa. Eu não fujo à regra, e aproveito a oportunidade para pedir desculpa à Irmã Genoveva. Mas os alunos de professoras que posam na Playboy não perdem tempo com distracções dessas: não precisam. Se querem ver a professora despida, abrem a revista na página 49. Na sala de aula, concentram-se na compreensão da matéria.
Terceiro, para conseguir o desejado envolvimento da comunidade no processo educativo. Os encarregados de educação mais desinteressados passam a frequentar todas as reuniões de fim de período: os pais desejam ver a professora; as mães desejam verificar se os pais não se entusiasmam demasiado com o visionamento da professora. Padrinhos que não vêem o afilhado desde a pia baptismal virão de longe para se inteirarem do aproveitamento escolar do miúdo.
Infelizmente, a vereadora da Educação da Câmara de Mirandela pensa de outro modo. A exibição pública voluntária do corpo nu está interdita às docentes. Não se sabe a que outras profissões se alarga esta inibição. Canalizadoras podem posar sem roupa sem desprestigiar o nobre ofício de vedar uma torneira? Empregadas de escritório podem deixar-se fotografar nuas sem melindrar os carimbos? Ninguém sabe ao certo, mas parece urgente definir com rigor que outras profissionais estão deontologicamente impedidas de fazerem com o seu corpo o que quiserem.
Mais do que a suspensão, deve colocar-se em causa a recolocação da professora. O receio de alarme social levou a Câmara a retirar a docente do contacto com os alunos e a enviá-la para o arquivo municipal. Ora, o contacto com bibliotecários de óculos grossos que não vêem uma pessoa do sexo feminino nua desde 1977 não será mais perigoso e socialmente alarmante do que o convívio com jovens? Fica a pergunta, para reflexão das autoridades fiscalizadoras da nudez.

Ricardo Araújo Pereira, in Visão de 20 / Maio / 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Como Somos

A sociedade actual caracteriza-se por se basear essencialmente numa interacção entre os meios de comunicação, nomeadamente a televisão, a par com a utilização dos meios informáticos e as redes sociais a eles associados. Todos estes factores conjugados traduzem o modo como a sociedade de hoje em dia vive.

O homem deixou de ser apenas o símbolo de si próprio para passar a ser a representação daquilo que ele lê, do que ele vê e do que ele vive diariamente.
Isto significa que todas as acções que o homem descreve são uma representação de si próprio. Das suas preferências, dos seus gostos, da sua maneira de ver o mundo e interpretar a realidade que nele figura.
O facto de afirmarmos “Eu sou viciada em livros policiais” ou “Não consigo passar sem ver a minha série de eleição!“ diz alguma coisa acerca da nossa personalidade. Ou seja, os traços que nos caracterizam e que caracterizam a nossa maneira de ser estão impregnados às nossas escolhas. A nossa personalidade têm características bem determinadas que, através daquilo que afirmamos ler, ver ou ouvir, levam o outro a interpretar-nos e a descrever, à partida, uma série de conceitos acerca do nosso modo de viver e encarar o mundo.
Os próprios ensinamentos transmitidos por estas formas interactivas de conhecimento, transformam-nos mesmo que inevitavelmente. Há casos em que determinados livros, e experiências neles relatados modificam a nossa forma de ver o mundo e analisar o que nele se passa.

Vivemos num mundo em que somos influenciados por aquilo que nos rodeia. Somos um produto e, ao mesmo tempo, produtor do mundo em que nos inserimos. Aquilo que lemos, vemos e assistimos faz parte do nosso modo de ser. As nossas preferências são indissociáveis do nosso eu. Por mais que se tente fingir, numa dada altura, tudo o que representamos vem ao de cima.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Futebol

Em Portugal as pessoas deliram com o futebol. Se a sua equipa, ou mesmo a selecção nacional, ganha um jogo, o povo esquece a crise, os problemas na educação, as listas de espera na saúde, as notícias de calamidades, etc etc.
Decerto todos se lembram do fenómeno que foi o Euro 2004. Nunca o país tinha tido tantas bandeiras expostas, e tudo em honra da selecção! É impressionante a força que um desporto tem sobre uma nação inteira. Para mim é revoltante e triste saber que se tenham gasto rios de dinheiro na construção de estádios e infra-estruturas e ainda existam lacunas tão graves a preencher nos sistemas de saúde e educação. Todos os dias assistimos na televisão às intermináveis listas de espera nos hospitais. E nas escolas? Nos estabelecimentos de ensino pelo país fora as crianças gelam ao frio. Serei a única a ver que tanto dinheiro foi mal empregue? Desculpem, lembrei-me que este país vive de aparências. Esqueci-me que vivemos num país onde a hipocrisia é tanta que existem bairros de lata onde a droga e a prostituição são a forma de rendimento, e onde o desemprego é cada vez maior. Devia ser considerado crime, o mau emprego dado ao dinheiro. Afinal, se é a custa dos impostos que o povo paga, devia também ser o povo a decidir que fim lhe dar. Os imponentes estádios eram só “para inglês ver”. Como a expressão denuncia, isto significa que a beleza e a magnificência das infra-estruturas escondem um Portugal cheio de podres, cheio de fraudes e esquemas obscuros. Antes de traduzir uma imagem que não nos representa, deveríamos antes preocupar-nos em “limpar a casa” e não esconder a poeira para debaixo do tapete.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pequenas coisas que fazem a diferença

Acontece frequentemente comigo. Uma música, um filme, um livro, uma fotografia, uma pessoa.

Há períodos em que me apego a um, mesmo sem deixar de lidar com os outros. E a sensação que isso provoca é tão boa. É uma surpresa emocional que acontece, vez ou outra, e me faz reavivar a alegria de acreditar que somos feitos de mais do que planos, projectos, rótulos, desapontamentos. Que há espontaneidade das boas em nós, e ela é que nos tira do desfecho de nos transformarmos em marionetes do que reza, nem sempre com sabedoria a realidade nua.

Com uma única música eu sou capaz de passar dias com o coração transbordando, abarcado por emoções diversas. Nem sempre são canções de amor, na verdade, muitas vezes são canções sobre o que nos leva a reconhecer o amor: respeito, companheirismo, fé na liberdade e em cada batalha travada pacificamente por ela.

E uma pessoa pode mudar o meu rumo, apenas sendo ela mesma, sem frases de impacto ou com a grandiosidade dos seus pensamentos estampada na simplicidade da sua oratória. Conquista-me aquele que sabe dizer as coisas que sente sem torná-las vedetas, como se somente ele sentisse aquilo. E também aquele que sabe dizer em silêncio.

Engraçado como tantos outros experimentam de sentimentos que julgávamos inéditos e particulares. E não fosse assim, não nos reuniríamos em favor de grandes causas, nem mesmo resolveríamos as pequenas, porém incrivelmente complexas questões. Apesar de a nossa identidade emocional nos definir únicos, ela é formada por sentimentos quase sempre compartilhados. O que dói em mim pode doer em qualquer um. O que me faz feliz, pode dar motivos de sobra a alguém para compreender a vida de uma forma mais branda e positiva.

Há magia na vida, não? A despeito de todos os seres encantados, dos crentes em espíritos ou a ausência deles, e até dos mágicos de cartola. Naquele olhar que observo nos filmes e que dá tantos motivos para acreditar nessa magia que agrupa desejos. No livro que folheei e me fez ler o mesmo parágrafo várias vezes, não por não compreendê-lo, mas porque havia a beleza na crueza das palavras. A fotografia estampada na exposição que quase ninguém visitou. Ainda o filme da menina com cancro que sensibilizou. A música que fala da amizade e do amor… tudo faz ver o quanto um simples objecto nos trás memórias e desejos.

Esta crónica é baseada numa outra mas achei tão sentida e que retrata o que sinto quando leio, ouço e vejo um livro, uma música e um filme respectivamente que tinha de falar dela.

Como coisas simples como um livro ou uma musica nos podem mudar e dar sentido à vida...xD

Liliana

terça-feira, 4 de maio de 2010

O Cantinho do Hooligan

A derrota do Benfica com o Porto não me deixou abalado. O que verdadeiramente me deixou fulo foi a quantidade de derrotas num dia só: 0-4 em adeptos detidos, 0-1 em treinadores expulsos do banco, 0-1 em jogadores expulsos. Todavia, nem tudo foi mau, também ganhámos em alguns aspectos: 1-0 em objectos atirados aos treinadores e 1-0 em isqueiros atirados a jogadores à entrada do túnel. Por pouco não empatámos...

domingo, 2 de maio de 2010

O Dia da Mãe

Não é fácil ser mãe. Vejo em casa, sei do que estou a falar. Numa corrida sem linha de chegada, acordo com a Mãe acordando com o grito do João, no outro quarto: "Mãe! Acordei!". E eis que está dada a largada. O dia começou. Ainda cambaleando de sono, a Mãe levanta-se e vai acolhê-lo. Logo depois, é a vez da Sofia, que, mais independente, corre para a sala. Minutos depois, estão os dois no sofá a tomar o pequeno-almoço. A Mãe, já desperta, apressa o passo para esticar ao máximo o seu tempo com os filhos.
Na mesa da sala, ela toma o café e passa os olhos no jornal. Enquanto ouve o João falar até perder o fôlego sobre as histórias que inventa, escolhe a heroína para a brincadeira da noite e precisa correr ainda mais para se arranjar e chegar ao trabalho a horas.
Enquanto troca de roupa, as crianças entram no quarto e pulam na cama. Falam sem parar. Por vezes, o João entusiasma-se. Aí, ela fica nervosa, pede para que parem. Nem sempre é atendida, até que, desolada, olha na minha direção como que implorando para que eu faça algo. Qualquer coisa, diga-se. Desde que os faça voltar a pôr os pés no chão. Se não faço, o seu olhar fuzila-me. Ás vezes faço. E às vezes não faço, deixo-os pular. Afinal quando vão poder fazer isso de novo?
Com um suspiro, ela deve pensar algo como: "Essas crianças!". Mas é isso mesmo. Somos todos meninos. Uns mais velhos, outros nem tanto. No meio da confusão, ela consegue, nunca sei como, arrumar-se de forma impecável. O que sei é que ela já está pronta, que o João logo estará pronto com a mochila às costas e que a Sofia está lá no quarto dela revirando as gavetas em busca da combinação de cores que julga a ideal para o seu dia. "Sofia querida, essa não combina!". Das gavetas, tira uns jeans pretos e procura no fundo uns ténis da mesma cor. O embate é longo, e lá está a Mãe usando toda a sua psicologia e retórica em busca de um acordo satisfatório para ambas.
Geralmente, sou eu quem leva o João à escola. No entanto, sei que, se pudesse, a Mãe o faria com o prazer genuíno. Quando isso não acontece, temos uma espécie de pausa, quando ela está no trabalho e os pequenos na escola. No início da noite, com todos de volta ao lar, vejo-a ainda encontrar forças para abraçá-los à porta de entrada, contar uma história da carochinha enquanto os alimenta, conversar com o João sobre faraós, folhear a enciclopédia de dinossauros, dar vida à heroína combinada durante a manhã, brincar com algum jogo, vestir os pijamas, escovar os dentes, contar mais uma história até que os coloca para, enfim, dormir. Vejo-a então deixar o quarto dos garotos com os olhos semi-cerrados, esforçando-se para se acostumar à luz da sala. No sofá, senta-se ao meu lado. Está cansada, mas tranquila. Os seus meninos dormem como anjinhos no quarto do fundo. Dificilmente há alguém no mundo mais feliz do que ela naquele momento.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Conflito de Gerações

Há já algum tempo questionei esta temática: será que conseguimos que impedir que as diferenças de gerações se façam sentir?
A verdade é que não conseguimos. As distintas mentalidades fazem-se sempre sentir, quer estejamos a falar de gerações entre pais e filhos ou entre bisnetos e bisavós. Para qualquer um destes grupos existem princípios e hábitos que não são de todo compreensíveis para um outro grupo. Encaremos então o seguinte exemplo: era impensável a 60 anos atrás a total dependência a que hoje o ser humano se depara relativamente ao uso do telemóvel, ou mesmo à televisão, ou mesmo àqueles minúsculos aparelhos que transportam toda a música que gostamos e que de uma maneira ou de outra nos toca. Todas estas coisas sem as quais ser-nos-ia impossível viver para os nossos avós, ou mesmo para os nossos pais, não passam apenas de frivolidades. Eu, por exemplo, deparo-me com uma situação deste género. O meu estimadíssimo avó é um apreciador nato de música clássica e não consegue sequer conceber a ideia de poder apreciar qualquer outro estilo musical. O conflito aqui impõem-se na medida em que eu defendo uma posição muito mais liberal. Com isto não quero dizer que não goste deste tipo de música, pelo contrário, toquei por muitos anos piano clássico e continuo a apreciar compositores como Beethoven, Bach, Vivaldi, Mozzart, no entanto, continuo a defender que em todos os estilos existem bons e maus músicos.
Não deixamos obviamente de nos amar um ou outro devido a este tipo de apreciações aliás, na minha opinião são estas diferenças saudáveis que nos permitem saber argumentar e defender os nossos pontos de vista perante alguém que respeitamos e vemos como um modelo a seguir.
É a este tipo de divergências que me refiro quando falo em “conflito de gerações”.


Mariana Rainho
Abrantes, 26 de Abril de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

'Amigos' marcantes

Todos os dias na nossa vida entram e saem pessoas e cada uma dessas pessoas marca-nos de uma forma desigual e característica.
A verdade é que essa maneira especial também pode ser tratada de forma irónica.
Várias pessoas que estão presentes nas nossas vidas e quem nós pensamos que, sim, são aquelas pessoas importantes e que jamais nos irão decepcionar, são essas mesmo que mais ou cedo ou mais tarde nos acabam por magoar e insidiar a nossa confiança.
Creio que só fazem isso, talvez, por nos conhecerem tão bem e saberem os nossos pontos fracos e onde realmente nos conseguem atingir, deixando-nos, por vezes, sem rumo e a pensar que andamos nós a fazer neste mundo com ‘amigos’ assim, mundo este que só nos desilude e nos transtorna de uma forma inexplicável.

Mas a verdade é que quando isso acontece lá pensamos em muitas coisas que nos disseram.
Há sempre alguém que nos diz ‘tem cuidado’, há sempre alguém que nos faz pensar um pouco sobre determinados aspectos.
Mas, nessas alturas, pensamos que tudo à nossa volta é um conto de fadas e parece que andamos realmente cegos que não conseguimos ver quem são verdadeiramente aquelas pessoas que se fazem passar por nossas amigas e que nos fazem acreditar que lhes podemos confiar tudo.
E agora pergunto ‘é necessário sairmos sempre magoados de uma situação para podermos compreender que é errado entregarmo-nos de corpo e alma a quem nos rodeia e a quem é nosso ‘amigo’?
O ser humano pode ser grandioso e fazer grandes acções, mas também pode ser uma pessoa bastante maldosa.
Como diz o ditado popular ‘ à primeira todos caiem, à segunda só cai quem quer, à terceira só cai quem é burro’. E não posso concordar mais, visto que com os nossos erros aprendemos e quando isso acontece, na primeira vez, vemos onde falhámos e o que não deveríamos ter feito em relação a essa pessoa que se fez passar por nosso amigo.
É certo que muitas das segundas vezes em que caímos no mesmo erro, talvez seja por sermos demasiado boas pessoas e pensarmos que as pessoas são como nós e que não têm dentro de si nenhum tipo de mal.
Contudo, isso é um puro engano, as pessoas nos dias que correm são demasiado caprichosas, interesseiras e apenas vivem em ordem ao seu prazer.
Mas o mundo é mesmo assim, as pessoas são uma antítese, boas e más, verdadeiras e falsas.

Temos de aprender a lidar com isso e, se for preciso, sermos um bocadinho duras para quem nos faz sofrer, mesmo que não sejamos assim de verdade.

Violência doméstica

Abordar este assunto nos dias que correm não é muito habitual, apesar do mesmo ser muito frequente é ainda um tabu.
A violência doméstica abrange ambos os sexos e não obedece a nenhum critério social, económico, religioso ou científico. Este acto “magnífico” é o resultado de agressão física e, também, mental ao companheiro. Sendo que muitas vezes as crianças também são envolvidas.
Um aspecto a sublinhar é em relação ao sofrimento inexplicável a que as vítimas ficam sujeitas podendo mesmo, levar à negligência precoce e ao abuso sexual impedindo um crescimento e desenvolvimento racional e equilibrado da pessoa em causa.
Dados comprovam que os diversos tipos de agressões constituem a principal causa de morte de jovens entre os 5 e 19 anos, devido ao mau ambiente familiar.
Uma vítima pode ou poderá ser um qualquer, apesar de ás vezes se pensar o contrário e que apenas acontece aos outros. A vítima com o passar dos tempos acaba por perder a sua auto-estima e a capacidade de se auto-motivar. A pessoa em causa encontra se presa numa relação com o agressor o qual não tem o mínimo de estabilidade em todos os aspectos. O mais engraçado nisto é que as vítimas sofrem silenciosamente e parece que ainda gostam da situação vivida, pois como amam os companheiros não têm a coragem de os denunciar ou falar com alguém sobre o seu sofrimento. No entanto existem vítimas que com medo de represálias por parte do agressor continuam mergulhadas no silêncio, mas um silêncio aterrador.
Já diz o velho e popular ditado que “ só quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro” e eu concordo, visto que nunca passei por situação semelhante e não sei como é estar numa situação tão degradante. Mesmo assim consigo compreender as vítimas da violência doméstica, pois as mesmas têm medo de desobedecer aos companheiros e tentam fazer tudo para lhes agradar, pois acham que os companheiros as amam e apenas fazem aquele gesto maravilhoso para o bem delas e que eles têm sempre razão.
Contudo a vítima também se sente traída e desolada com as falsas promessas que o agressor faz ao dizer que nunca mais volta a repetir este tipo de comportamento.
Até mesmo ás vezes quando tentamos “abrir-lhes” os olhos e mostrar-lhes a realidade, em que elas têm e devem denunciar este tipo de marginais, estas se viram contra a nós dizendo nos que nós não sabemos como são as coisas e que o agressor até nem é má pessoa e tem bom coração.
Eu imagino se não tivesse bom coração; talvez cortasse a vítima aos bocadinhos, congelasse e fosse consumindo para fins alimentares. Bem, isto que eu disse não é nada admirável, visto que já tivemos o prazer de observar uma situação destas na televisão feita por uma mãe a uma filha. Portanto acho que estamos a chegar a um extremo em que já nada nos surpreende por muito escandaloso que seja.
Mas tudo isto é difícil para quem vive a situação. Pois vive se numa permanente interrogação… Ou se declara queixa ou se vive em massacre para toda a vida.
Na minha opinião um dos maiores problemas em relação á apresentação da queixa é o facto do nosso país ser bastante eficaz nessas situações. Pois não tem o mínimo de discernimento para ajudar as vítimas. As autoridades apenas recebem a queixa e passado meses ou semanas arquivam na.
Mas se isto fosse o único problema para as vítimas seria “fácil”, mas não é. Por vezes quando apresentam queixa os maus-tratos ainda são maiores e os agressores chegam mesmo a agredir e a ameaçar pessoas próximas da vítima como forma de vingança.
Mas tudo isto que acabei de dizer não se refere apenas a mulheres. Existem casos em que as vítimas são homens. Contudo neste caso estes são agredidos por terceiros que são pagos, ou não, para lhes bater, podendo levar à morte.
Também existem casos em que os filhos agridem os pais e os netos os avós. Isto realmente é uma coisa fora de todas as imaginações, até das mais férteis. Mas é aqui que o nosso governo brilha. Porque se os pais ou avós, neste caso, forem fazer queixa dos filhos e netos a polícia não faz muito e ainda diz que como, por vezes, são menores, não atingiram a maioridade não sabem o que fazem e que passa com o tempo. E que tem de haver mais atenção por parte dos familiares.
Por tudo mencionado atrás, uma conclusão tiro… o nosso país é definitivamente um país em desenvolvimento em todos os aspectos. Mas não vale a pena mencionar nada, pois nós sabemos bem como são as coisas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sonhos?! Para quê?

Nunca deram convosco a olhar para as pessoas por quem passam e a apreciar a forma como se vestem e a imaginar como devem ser as suas vidas? E já alguma vez se depararam convosco a pensar “Quem me dera ser assim…” e logo de seguida se repreenderam por acharem isso impossível? Bem, não são os únicos…
Todos os dias passam por nós dezenas de pessoas vestidas das mais variadas formas e com as mais diversas expressões no rosto; uns estão vestidos de fato e gravata, com um telemóvel na mão a discutir vários assuntos que se traduzem num único: trabalho; outros exibem grandes sorrisos, usam roupas coloridas e levam phones nos ouvidos para irem ouvindo a música de que mais gostam. Consoante a sua aparência, podemos imaginar que os primeiros são pessoas muito organizadas, sérias, com quem não nos poderemos divertir e dizer disparates que nos façam rir; os outros são pessoas alegres, despreocupadas, com quem poderemos passar bons momentos de lazer, mas não poderemos contar no que toca a assuntos importantes. Ou então não… Quantas vezes nos enganámos a respeito de pessoas que não conhecíamos e que são o oposto daquilo que inicialmente julgámos? Quantas vezes invejámos ser como este ou aquele e nos desiludimos quando nos apercebemos de quem ele realmente era?
Ah, mas é tão bom sonhar com vidas que gostaríamos de ter… E, ao imaginarmos que estas são possíveis para outras pessoas, por que não o poderiam ser para nós? Mas depois zangamo-nos com nós mesmos cada vez que nos apercebemos do que estamos a fazer, de que estamos a sonhar. Há quem julgue que os sonhos só existem para nos entristecer e fazer sentir mal, uma vez que não passam de fruto da nossa imaginação. No entanto, são eles que nos levam a querer ir mais além, chegar o mais próximo possível de os concretizar e torná-los realidade nas nossas vidas. Sim, porque os sonhos podem ser concretizados de várias formas, uns por vivência própria, outros através da arte. Os livros não são mais que o concretizar de sonhos dos seus autores, vidas que eles admiram protagonizadas por personagens com diversas formas de ser e encarar a vida.
Assim, cada um de nós pode concretizar os seus sonhos em vez de imaginá-los para outras pessoas. Basta pegar num papel e numa caneta e tentar passá-los para palavras; basta não pensar quando temos esse papel e essa caneta na mão; basta sonhar…

domingo, 18 de abril de 2010

O recolector de cogumelos

Conhecem a história de Grigory Perelman? Fixem este nome porque vamos conhecê-lo mais à frente. Por agora, deixem-me contar-vos algo que talvez não saibam. Nas escolas, quando perguntamos aos adolescentes de 12 e 13 anos sobre as profissões que desejam seguir no futuro,surgem respostas simultaneamente divertidas, dramáticas e alarmantes.
Antigamente, as profissões desejadas oscilavam entre a medicina e a engenharia, com dois ou três astronautas e um bombeiro lá pelo meio. Hoje, a profissão do momento é outra. "Ser famoso". Não interessa em quê. Interessa é sê-lo.
Todos os dias, quando espreito a tv, o espectáculo é repetitivo e deprimente: incontáveis nulidades, sem nada que as recomende, tentam em desespero chegar "lá". A fama, que já durou 15 minutos, hoje dura 15 segundos; e os famosos, que em teoria seriam famosos por uma qualidade distintiva qualquer, são famosos por serem famosos, um círculo perfeito e perfeitamente imbecil.
É vamos lá então à história de Grigory Perelman. Na passada semana, enquanto Portugal assistia a mais uma vitória do Benfica sobre o Sporting, Grigory Perelman recusava um prêmio de US$ 1 milhão por ter resolvido a conjectura de Poincaré.
Grigory Perelman, 44 anos, é um matemático russo que, após breve carreira acadêmica, abandonou a universidade para enfrentar a referida conjectura, um problema matemático que há mais de um século intrigava cientistas do planeta inteiro.
Em 2002 e 2003, publicou as suas propostas de resolução (na internet). Nos anos seguintes, matemáticos diversos procuraram confirmar a resolução proposta por Perelman. E confirmaram. Devido ao feito, a Fields Medal foi-lhe atribuída, em 2006, uma espécie de prémio Nobel da Matemática. Perelman fez o que agora repetiu: recusou-o.
Foi o princípio da sua anti-fama que se converteu numa forma perversa de celebridade. Os jornalistas instalaram-se em frente ao apartamento onde ele vive com a mãe. Os vizinhos fornecem alguns detalhes sobre a estranha criatura: os seus hábitos higiénicos (não corta unhas, cabelo ou barba), comportamentais (caminha sem levantar o olhar) e até alimentares (uma predilecção desmesurada por laranjas). Uns dizem que o apartamento está infestado de baratas. Outros garantem que Perelman gosta de jogar pingue-pongue contra a parede.
E o próprio Perelman contribui para o mito, ao responder às solicitações telefónicas dos jornalistas com frases do tipo: "O senhor está a perturbar-me. Estou a apanhar cogumelos."
A frase é boa. Não admira, por isso, que a revista "Spectator" tenha dedicado um editorial notável ao caso, garantindo que Hollywood já está a preparar um "biopic" sobre o génio. Se a ideia era viver em paz, um mundo viciado na guerra da fama não permite semelhante luxo.
O que implica saber: na história de Grigory Perelman, a quem pertence a maior dose de loucura? A ele? Ou a nós?
Ora, não é preciso ser um génio para responder a essa...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Joana Amaral Dias 6

 
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Joana Amaral Dias 5

 
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Joana Amaral Dias 4

 
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Joana Amaral Dias 3

 
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Joana Amaral Dias 2

 
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Joana Amaral Dias em Abrantes 1

 
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15 de Abril de 2010

LIVROS

Os livros podem ser a nossa melhor companhia. Nunca vos aconteceu estarem a ler um romance e reverem-se na história que estão a ler? Vezes sem conta! Parece que nos lêem o pensamento e apresentam resolução para tudo. Pena que na vida real as coisas não sejam assim tão lineares. Perceber que os nossos problemas são vividos por outras pessoas faz-nos sentir estranhamente bem, uma espécie de alívio por assim dizer.
Não servindo só de consolo, os livros servem também para nos abstrair da realidade que vivemos todos os dias e transportar para um mundo “paralelo”. Transpõe-nos para uma outra realidade. Um mundo de fantasia e de encanto. São para mim a melhor terapia. Nada como chegar ao final de um dia cansativo, sentarmo-nos na cama, acompanhados por uma chávena de chá quente e por a leitura em dia. Por mais incrível que pareça, este insignificante ritual que me acompanha desde pequenina ajuda-me a fazer uma espécie de balanço do que aconteceu ao longo do dia, sem nunca perder o fio condutor da leitura. Dou por mim a pensar mentalmente o que tenho de fazer no dia seguinte e a relembrar se cumpri todas as tarefas a que me tinha proposto fazer.
Para mim os livros tem esta função, acalmar, consciencializar-nos acerca do que está a acontecer no mundo e por vezes fazer-nos abstrair do que nos rodeia. Na minha opinião não nos devem absorver ou mesmo maçar, devem ter o seu quê de conteúdo sem nunca nos perseguir o dia inteiro com a sua trama.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Crise? De Valores talvez...

Nos dias que correm, somos invadidos a cada momento que passa pelo anúncio de uma crise. Os media fazem questão de que essa mensagem seja transmitida da forma mais subjugante possível, as próprias pessoas adequam até os seus hábitos a esta crise, não questionando o verdade da mesma ou a sua essência.
Se fizermos uma análise um pouco mais profunda, certamente ficaremos conscientes de que a crise que nos assola é uma crise de valores, não monetários, não culturais, mas sim éticos e sociais.
Efectivamente, a maioria das pessoas perdeu a sua noção de valor, se é que muitos alguma vez a tiveram, o que conduziu a uma sociedade cada vez mais manipulada, e manipuladora também, egoísta, egocentrista e despromovida de iniciativa.
É fácil ver uma demonstração deste leque de atributos que referi. Quantos vezes não vemos alguém que confrontado com a iniciativa do Banco Alimentar Contra a Fome, não só nem se digna a ser informado sobre a iniciativa como também a repudia com má educação e palavras bruscas.
Haveria necessidade disto? Certamente que não. E tenho a certeza de que caso essa pessoa realmente pensasse no que traria de bom o seu contributo não o teria afastado de forma tão fria.
Este é um, entre tanto outros exemplos, daquilo que é a sociedade actual: Uma instituição, outrora aberta, com iniciativa e de bons valores, agora, uma mera marioneta na mão daqueles que a manipulam, uma nuvem de fracos e reduzidos valores, onde cada um segue o seu caminho, e as onde portas dos outros devem permanecer bem fechadas, para que não se gastem as pedras do caminho de cada um.
Assim, cabe a todos construir uma sociedade melhor, povoada de oportunidades, recuperada no que toca aos valores, renovada na sua essência e de portas abertas para todos, de modo a que todos percorramos o mesmo caminho. Em suma, acredito ser possível criar uma sociedade que se apresente como um céu, em que cada estrela que nasce, pode brilhar como as outras, e fazer parte de um todo, uma constelação.




Socialização

Quem é que inventou essa regra que diz que é pouco polido um homem permanecer num recinto fechado de chapéu na cabeça? Mas teve o cuidado de abrir uma excepção para as senhoras, sendo que estas, por mais espampanante que o chapéu seja, podem, caso assim o entendam, permanecer com ele colocado debaixo ou não de tecto? O meu palpite: alguém com um secreto fetiche por mulheres de chapéu.
Quem diz chapéus diz matrizes de comportamento cavalheiresco. Por exemplo, dar passagem a uma senhora quando ambos chegam a uma porta. E os exemplos multiplicam-se.
Quem foi que inventou isto? De onde surgiu? São anos e anos de história, de cultura, de evolução, de mudança e actualização.
Estes padrões de cultura variam, claro está de cultura para cultura mas foquemo-nos no bom português.
Foquemo-nos no detalhe do uso do chapéu debaixo de tecto. Qual é, de facto, o problema ou inconveniente de um homem (um homem, não uma senhora) ter o chapéu colocado? Em que é que isto o prejudica? A ele ou aos presentes nas suas imediações ou em interacção com o dito. Hmm… em nada diria eu.
A verdade é que estes simples detalhes aparentemente inócuos e tão “inocentes” servem de auxilio para que as pessoas, a sociedade em geral que não conhece o indivíduo em causa, lhe passe de imediato um atestado de “Educado” ou “Mal-educado”. Sendo que estes rótulos vêm invariavelmente apetrechados com um sem numero de pré – conceitos que muitas vezes levam a que se julgue erradamente uma pessoa. Só porque esta não leu todos os manuais de bons costumes da Paula Bobone.
Acontece que, se nos imaginarmos a viver numa sociedade onde estes pequenos preciosismos não existem, sentimo-nos como que sem linhas guias, sem orientação. Constatamos então que, por mais absurdas que por vezes estas ditas “Regras da boa educação” nos possam parecer, elas fazem falta, elas são um auxiliar de grande utilidade para nos orientarmos na nossa vida quotidiana e sobretudo na nossa relação e interacção com os outros.
Mesmo que por vezes nos levem a juízos precipitados. Fazer um juízo precipitado é melhor do que vaguear sem juízo(s).

domingo, 11 de abril de 2010

A Gramática 'agradável'

Este texto surgiu nas nossas caixas de correio e bem merece uma maior divulgação.

Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.



"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."

Leiam-no, por favor...

No panorama actual, ele é um dos nossos maiores cronistas. Sim, eu sei que nos habituámos a aplaudi-lo noutras áreas mas estejam atentos aos seus textos. Poucos escrevem como Ricardo Araújo Pereira. Com a devida vénia, aqui vai:

"Profs....a culpa é deles!
Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou o ensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles, aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida.
É evidente que a culpa é deles. E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é uma acusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam os professores.
Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas que escolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares.
O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssem algum tipo de sabedoria, tê-la-iam usado em proveito próprio. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não. A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento.
O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta por passar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e a ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais - até porque sofro de quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contacto entre crianças e adultos masoquistas.
Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão.
Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novas qualidades, este mundo.
Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povo cigano.
Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem das escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é a minha proposta.
Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menos esperança.
Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo."

Ricardo Araújo Pereira in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão

Bem Vindo ao blog Público e Privado

Como o título refere esta é uma mensagem de boas vinda a todos aqueles que visitam pela primeira vez o nosso Blog.

Aqui iremos publicar textos de reflexão, pensamento, crónicas ou qualquer outra forma de produção escrita, sempre mantendo uma estreita relação com o que nos rodeia.

Assim, é importante referir que todos os textos aqui publicados são escritos de forma original e integral pelos autores deste blog e qualquer reprodução ou cópia dos mesmos deve ser feita apenas tendo autorização do autor do texto.

A todos os leitores, vivam os textos e tirem deles mais do que simples letras.