segunda-feira, 26 de abril de 2010

Conflito de Gerações

Há já algum tempo questionei esta temática: será que conseguimos que impedir que as diferenças de gerações se façam sentir?
A verdade é que não conseguimos. As distintas mentalidades fazem-se sempre sentir, quer estejamos a falar de gerações entre pais e filhos ou entre bisnetos e bisavós. Para qualquer um destes grupos existem princípios e hábitos que não são de todo compreensíveis para um outro grupo. Encaremos então o seguinte exemplo: era impensável a 60 anos atrás a total dependência a que hoje o ser humano se depara relativamente ao uso do telemóvel, ou mesmo à televisão, ou mesmo àqueles minúsculos aparelhos que transportam toda a música que gostamos e que de uma maneira ou de outra nos toca. Todas estas coisas sem as quais ser-nos-ia impossível viver para os nossos avós, ou mesmo para os nossos pais, não passam apenas de frivolidades. Eu, por exemplo, deparo-me com uma situação deste género. O meu estimadíssimo avó é um apreciador nato de música clássica e não consegue sequer conceber a ideia de poder apreciar qualquer outro estilo musical. O conflito aqui impõem-se na medida em que eu defendo uma posição muito mais liberal. Com isto não quero dizer que não goste deste tipo de música, pelo contrário, toquei por muitos anos piano clássico e continuo a apreciar compositores como Beethoven, Bach, Vivaldi, Mozzart, no entanto, continuo a defender que em todos os estilos existem bons e maus músicos.
Não deixamos obviamente de nos amar um ou outro devido a este tipo de apreciações aliás, na minha opinião são estas diferenças saudáveis que nos permitem saber argumentar e defender os nossos pontos de vista perante alguém que respeitamos e vemos como um modelo a seguir.
É a este tipo de divergências que me refiro quando falo em “conflito de gerações”.


Mariana Rainho
Abrantes, 26 de Abril de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

'Amigos' marcantes

Todos os dias na nossa vida entram e saem pessoas e cada uma dessas pessoas marca-nos de uma forma desigual e característica.
A verdade é que essa maneira especial também pode ser tratada de forma irónica.
Várias pessoas que estão presentes nas nossas vidas e quem nós pensamos que, sim, são aquelas pessoas importantes e que jamais nos irão decepcionar, são essas mesmo que mais ou cedo ou mais tarde nos acabam por magoar e insidiar a nossa confiança.
Creio que só fazem isso, talvez, por nos conhecerem tão bem e saberem os nossos pontos fracos e onde realmente nos conseguem atingir, deixando-nos, por vezes, sem rumo e a pensar que andamos nós a fazer neste mundo com ‘amigos’ assim, mundo este que só nos desilude e nos transtorna de uma forma inexplicável.

Mas a verdade é que quando isso acontece lá pensamos em muitas coisas que nos disseram.
Há sempre alguém que nos diz ‘tem cuidado’, há sempre alguém que nos faz pensar um pouco sobre determinados aspectos.
Mas, nessas alturas, pensamos que tudo à nossa volta é um conto de fadas e parece que andamos realmente cegos que não conseguimos ver quem são verdadeiramente aquelas pessoas que se fazem passar por nossas amigas e que nos fazem acreditar que lhes podemos confiar tudo.
E agora pergunto ‘é necessário sairmos sempre magoados de uma situação para podermos compreender que é errado entregarmo-nos de corpo e alma a quem nos rodeia e a quem é nosso ‘amigo’?
O ser humano pode ser grandioso e fazer grandes acções, mas também pode ser uma pessoa bastante maldosa.
Como diz o ditado popular ‘ à primeira todos caiem, à segunda só cai quem quer, à terceira só cai quem é burro’. E não posso concordar mais, visto que com os nossos erros aprendemos e quando isso acontece, na primeira vez, vemos onde falhámos e o que não deveríamos ter feito em relação a essa pessoa que se fez passar por nosso amigo.
É certo que muitas das segundas vezes em que caímos no mesmo erro, talvez seja por sermos demasiado boas pessoas e pensarmos que as pessoas são como nós e que não têm dentro de si nenhum tipo de mal.
Contudo, isso é um puro engano, as pessoas nos dias que correm são demasiado caprichosas, interesseiras e apenas vivem em ordem ao seu prazer.
Mas o mundo é mesmo assim, as pessoas são uma antítese, boas e más, verdadeiras e falsas.

Temos de aprender a lidar com isso e, se for preciso, sermos um bocadinho duras para quem nos faz sofrer, mesmo que não sejamos assim de verdade.

Violência doméstica

Abordar este assunto nos dias que correm não é muito habitual, apesar do mesmo ser muito frequente é ainda um tabu.
A violência doméstica abrange ambos os sexos e não obedece a nenhum critério social, económico, religioso ou científico. Este acto “magnífico” é o resultado de agressão física e, também, mental ao companheiro. Sendo que muitas vezes as crianças também são envolvidas.
Um aspecto a sublinhar é em relação ao sofrimento inexplicável a que as vítimas ficam sujeitas podendo mesmo, levar à negligência precoce e ao abuso sexual impedindo um crescimento e desenvolvimento racional e equilibrado da pessoa em causa.
Dados comprovam que os diversos tipos de agressões constituem a principal causa de morte de jovens entre os 5 e 19 anos, devido ao mau ambiente familiar.
Uma vítima pode ou poderá ser um qualquer, apesar de ás vezes se pensar o contrário e que apenas acontece aos outros. A vítima com o passar dos tempos acaba por perder a sua auto-estima e a capacidade de se auto-motivar. A pessoa em causa encontra se presa numa relação com o agressor o qual não tem o mínimo de estabilidade em todos os aspectos. O mais engraçado nisto é que as vítimas sofrem silenciosamente e parece que ainda gostam da situação vivida, pois como amam os companheiros não têm a coragem de os denunciar ou falar com alguém sobre o seu sofrimento. No entanto existem vítimas que com medo de represálias por parte do agressor continuam mergulhadas no silêncio, mas um silêncio aterrador.
Já diz o velho e popular ditado que “ só quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro” e eu concordo, visto que nunca passei por situação semelhante e não sei como é estar numa situação tão degradante. Mesmo assim consigo compreender as vítimas da violência doméstica, pois as mesmas têm medo de desobedecer aos companheiros e tentam fazer tudo para lhes agradar, pois acham que os companheiros as amam e apenas fazem aquele gesto maravilhoso para o bem delas e que eles têm sempre razão.
Contudo a vítima também se sente traída e desolada com as falsas promessas que o agressor faz ao dizer que nunca mais volta a repetir este tipo de comportamento.
Até mesmo ás vezes quando tentamos “abrir-lhes” os olhos e mostrar-lhes a realidade, em que elas têm e devem denunciar este tipo de marginais, estas se viram contra a nós dizendo nos que nós não sabemos como são as coisas e que o agressor até nem é má pessoa e tem bom coração.
Eu imagino se não tivesse bom coração; talvez cortasse a vítima aos bocadinhos, congelasse e fosse consumindo para fins alimentares. Bem, isto que eu disse não é nada admirável, visto que já tivemos o prazer de observar uma situação destas na televisão feita por uma mãe a uma filha. Portanto acho que estamos a chegar a um extremo em que já nada nos surpreende por muito escandaloso que seja.
Mas tudo isto é difícil para quem vive a situação. Pois vive se numa permanente interrogação… Ou se declara queixa ou se vive em massacre para toda a vida.
Na minha opinião um dos maiores problemas em relação á apresentação da queixa é o facto do nosso país ser bastante eficaz nessas situações. Pois não tem o mínimo de discernimento para ajudar as vítimas. As autoridades apenas recebem a queixa e passado meses ou semanas arquivam na.
Mas se isto fosse o único problema para as vítimas seria “fácil”, mas não é. Por vezes quando apresentam queixa os maus-tratos ainda são maiores e os agressores chegam mesmo a agredir e a ameaçar pessoas próximas da vítima como forma de vingança.
Mas tudo isto que acabei de dizer não se refere apenas a mulheres. Existem casos em que as vítimas são homens. Contudo neste caso estes são agredidos por terceiros que são pagos, ou não, para lhes bater, podendo levar à morte.
Também existem casos em que os filhos agridem os pais e os netos os avós. Isto realmente é uma coisa fora de todas as imaginações, até das mais férteis. Mas é aqui que o nosso governo brilha. Porque se os pais ou avós, neste caso, forem fazer queixa dos filhos e netos a polícia não faz muito e ainda diz que como, por vezes, são menores, não atingiram a maioridade não sabem o que fazem e que passa com o tempo. E que tem de haver mais atenção por parte dos familiares.
Por tudo mencionado atrás, uma conclusão tiro… o nosso país é definitivamente um país em desenvolvimento em todos os aspectos. Mas não vale a pena mencionar nada, pois nós sabemos bem como são as coisas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sonhos?! Para quê?

Nunca deram convosco a olhar para as pessoas por quem passam e a apreciar a forma como se vestem e a imaginar como devem ser as suas vidas? E já alguma vez se depararam convosco a pensar “Quem me dera ser assim…” e logo de seguida se repreenderam por acharem isso impossível? Bem, não são os únicos…
Todos os dias passam por nós dezenas de pessoas vestidas das mais variadas formas e com as mais diversas expressões no rosto; uns estão vestidos de fato e gravata, com um telemóvel na mão a discutir vários assuntos que se traduzem num único: trabalho; outros exibem grandes sorrisos, usam roupas coloridas e levam phones nos ouvidos para irem ouvindo a música de que mais gostam. Consoante a sua aparência, podemos imaginar que os primeiros são pessoas muito organizadas, sérias, com quem não nos poderemos divertir e dizer disparates que nos façam rir; os outros são pessoas alegres, despreocupadas, com quem poderemos passar bons momentos de lazer, mas não poderemos contar no que toca a assuntos importantes. Ou então não… Quantas vezes nos enganámos a respeito de pessoas que não conhecíamos e que são o oposto daquilo que inicialmente julgámos? Quantas vezes invejámos ser como este ou aquele e nos desiludimos quando nos apercebemos de quem ele realmente era?
Ah, mas é tão bom sonhar com vidas que gostaríamos de ter… E, ao imaginarmos que estas são possíveis para outras pessoas, por que não o poderiam ser para nós? Mas depois zangamo-nos com nós mesmos cada vez que nos apercebemos do que estamos a fazer, de que estamos a sonhar. Há quem julgue que os sonhos só existem para nos entristecer e fazer sentir mal, uma vez que não passam de fruto da nossa imaginação. No entanto, são eles que nos levam a querer ir mais além, chegar o mais próximo possível de os concretizar e torná-los realidade nas nossas vidas. Sim, porque os sonhos podem ser concretizados de várias formas, uns por vivência própria, outros através da arte. Os livros não são mais que o concretizar de sonhos dos seus autores, vidas que eles admiram protagonizadas por personagens com diversas formas de ser e encarar a vida.
Assim, cada um de nós pode concretizar os seus sonhos em vez de imaginá-los para outras pessoas. Basta pegar num papel e numa caneta e tentar passá-los para palavras; basta não pensar quando temos esse papel e essa caneta na mão; basta sonhar…

domingo, 18 de abril de 2010

O recolector de cogumelos

Conhecem a história de Grigory Perelman? Fixem este nome porque vamos conhecê-lo mais à frente. Por agora, deixem-me contar-vos algo que talvez não saibam. Nas escolas, quando perguntamos aos adolescentes de 12 e 13 anos sobre as profissões que desejam seguir no futuro,surgem respostas simultaneamente divertidas, dramáticas e alarmantes.
Antigamente, as profissões desejadas oscilavam entre a medicina e a engenharia, com dois ou três astronautas e um bombeiro lá pelo meio. Hoje, a profissão do momento é outra. "Ser famoso". Não interessa em quê. Interessa é sê-lo.
Todos os dias, quando espreito a tv, o espectáculo é repetitivo e deprimente: incontáveis nulidades, sem nada que as recomende, tentam em desespero chegar "lá". A fama, que já durou 15 minutos, hoje dura 15 segundos; e os famosos, que em teoria seriam famosos por uma qualidade distintiva qualquer, são famosos por serem famosos, um círculo perfeito e perfeitamente imbecil.
É vamos lá então à história de Grigory Perelman. Na passada semana, enquanto Portugal assistia a mais uma vitória do Benfica sobre o Sporting, Grigory Perelman recusava um prêmio de US$ 1 milhão por ter resolvido a conjectura de Poincaré.
Grigory Perelman, 44 anos, é um matemático russo que, após breve carreira acadêmica, abandonou a universidade para enfrentar a referida conjectura, um problema matemático que há mais de um século intrigava cientistas do planeta inteiro.
Em 2002 e 2003, publicou as suas propostas de resolução (na internet). Nos anos seguintes, matemáticos diversos procuraram confirmar a resolução proposta por Perelman. E confirmaram. Devido ao feito, a Fields Medal foi-lhe atribuída, em 2006, uma espécie de prémio Nobel da Matemática. Perelman fez o que agora repetiu: recusou-o.
Foi o princípio da sua anti-fama que se converteu numa forma perversa de celebridade. Os jornalistas instalaram-se em frente ao apartamento onde ele vive com a mãe. Os vizinhos fornecem alguns detalhes sobre a estranha criatura: os seus hábitos higiénicos (não corta unhas, cabelo ou barba), comportamentais (caminha sem levantar o olhar) e até alimentares (uma predilecção desmesurada por laranjas). Uns dizem que o apartamento está infestado de baratas. Outros garantem que Perelman gosta de jogar pingue-pongue contra a parede.
E o próprio Perelman contribui para o mito, ao responder às solicitações telefónicas dos jornalistas com frases do tipo: "O senhor está a perturbar-me. Estou a apanhar cogumelos."
A frase é boa. Não admira, por isso, que a revista "Spectator" tenha dedicado um editorial notável ao caso, garantindo que Hollywood já está a preparar um "biopic" sobre o génio. Se a ideia era viver em paz, um mundo viciado na guerra da fama não permite semelhante luxo.
O que implica saber: na história de Grigory Perelman, a quem pertence a maior dose de loucura? A ele? Ou a nós?
Ora, não é preciso ser um génio para responder a essa...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Joana Amaral Dias 6

 
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Joana Amaral Dias 5

 
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Joana Amaral Dias 4

 
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Joana Amaral Dias 3

 
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Joana Amaral Dias 2

 
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Joana Amaral Dias em Abrantes 1

 
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15 de Abril de 2010

LIVROS

Os livros podem ser a nossa melhor companhia. Nunca vos aconteceu estarem a ler um romance e reverem-se na história que estão a ler? Vezes sem conta! Parece que nos lêem o pensamento e apresentam resolução para tudo. Pena que na vida real as coisas não sejam assim tão lineares. Perceber que os nossos problemas são vividos por outras pessoas faz-nos sentir estranhamente bem, uma espécie de alívio por assim dizer.
Não servindo só de consolo, os livros servem também para nos abstrair da realidade que vivemos todos os dias e transportar para um mundo “paralelo”. Transpõe-nos para uma outra realidade. Um mundo de fantasia e de encanto. São para mim a melhor terapia. Nada como chegar ao final de um dia cansativo, sentarmo-nos na cama, acompanhados por uma chávena de chá quente e por a leitura em dia. Por mais incrível que pareça, este insignificante ritual que me acompanha desde pequenina ajuda-me a fazer uma espécie de balanço do que aconteceu ao longo do dia, sem nunca perder o fio condutor da leitura. Dou por mim a pensar mentalmente o que tenho de fazer no dia seguinte e a relembrar se cumpri todas as tarefas a que me tinha proposto fazer.
Para mim os livros tem esta função, acalmar, consciencializar-nos acerca do que está a acontecer no mundo e por vezes fazer-nos abstrair do que nos rodeia. Na minha opinião não nos devem absorver ou mesmo maçar, devem ter o seu quê de conteúdo sem nunca nos perseguir o dia inteiro com a sua trama.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Crise? De Valores talvez...

Nos dias que correm, somos invadidos a cada momento que passa pelo anúncio de uma crise. Os media fazem questão de que essa mensagem seja transmitida da forma mais subjugante possível, as próprias pessoas adequam até os seus hábitos a esta crise, não questionando o verdade da mesma ou a sua essência.
Se fizermos uma análise um pouco mais profunda, certamente ficaremos conscientes de que a crise que nos assola é uma crise de valores, não monetários, não culturais, mas sim éticos e sociais.
Efectivamente, a maioria das pessoas perdeu a sua noção de valor, se é que muitos alguma vez a tiveram, o que conduziu a uma sociedade cada vez mais manipulada, e manipuladora também, egoísta, egocentrista e despromovida de iniciativa.
É fácil ver uma demonstração deste leque de atributos que referi. Quantos vezes não vemos alguém que confrontado com a iniciativa do Banco Alimentar Contra a Fome, não só nem se digna a ser informado sobre a iniciativa como também a repudia com má educação e palavras bruscas.
Haveria necessidade disto? Certamente que não. E tenho a certeza de que caso essa pessoa realmente pensasse no que traria de bom o seu contributo não o teria afastado de forma tão fria.
Este é um, entre tanto outros exemplos, daquilo que é a sociedade actual: Uma instituição, outrora aberta, com iniciativa e de bons valores, agora, uma mera marioneta na mão daqueles que a manipulam, uma nuvem de fracos e reduzidos valores, onde cada um segue o seu caminho, e as onde portas dos outros devem permanecer bem fechadas, para que não se gastem as pedras do caminho de cada um.
Assim, cabe a todos construir uma sociedade melhor, povoada de oportunidades, recuperada no que toca aos valores, renovada na sua essência e de portas abertas para todos, de modo a que todos percorramos o mesmo caminho. Em suma, acredito ser possível criar uma sociedade que se apresente como um céu, em que cada estrela que nasce, pode brilhar como as outras, e fazer parte de um todo, uma constelação.




Socialização

Quem é que inventou essa regra que diz que é pouco polido um homem permanecer num recinto fechado de chapéu na cabeça? Mas teve o cuidado de abrir uma excepção para as senhoras, sendo que estas, por mais espampanante que o chapéu seja, podem, caso assim o entendam, permanecer com ele colocado debaixo ou não de tecto? O meu palpite: alguém com um secreto fetiche por mulheres de chapéu.
Quem diz chapéus diz matrizes de comportamento cavalheiresco. Por exemplo, dar passagem a uma senhora quando ambos chegam a uma porta. E os exemplos multiplicam-se.
Quem foi que inventou isto? De onde surgiu? São anos e anos de história, de cultura, de evolução, de mudança e actualização.
Estes padrões de cultura variam, claro está de cultura para cultura mas foquemo-nos no bom português.
Foquemo-nos no detalhe do uso do chapéu debaixo de tecto. Qual é, de facto, o problema ou inconveniente de um homem (um homem, não uma senhora) ter o chapéu colocado? Em que é que isto o prejudica? A ele ou aos presentes nas suas imediações ou em interacção com o dito. Hmm… em nada diria eu.
A verdade é que estes simples detalhes aparentemente inócuos e tão “inocentes” servem de auxilio para que as pessoas, a sociedade em geral que não conhece o indivíduo em causa, lhe passe de imediato um atestado de “Educado” ou “Mal-educado”. Sendo que estes rótulos vêm invariavelmente apetrechados com um sem numero de pré – conceitos que muitas vezes levam a que se julgue erradamente uma pessoa. Só porque esta não leu todos os manuais de bons costumes da Paula Bobone.
Acontece que, se nos imaginarmos a viver numa sociedade onde estes pequenos preciosismos não existem, sentimo-nos como que sem linhas guias, sem orientação. Constatamos então que, por mais absurdas que por vezes estas ditas “Regras da boa educação” nos possam parecer, elas fazem falta, elas são um auxiliar de grande utilidade para nos orientarmos na nossa vida quotidiana e sobretudo na nossa relação e interacção com os outros.
Mesmo que por vezes nos levem a juízos precipitados. Fazer um juízo precipitado é melhor do que vaguear sem juízo(s).

domingo, 11 de abril de 2010

A Gramática 'agradável'

Este texto surgiu nas nossas caixas de correio e bem merece uma maior divulgação.

Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.



"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."

Leiam-no, por favor...

No panorama actual, ele é um dos nossos maiores cronistas. Sim, eu sei que nos habituámos a aplaudi-lo noutras áreas mas estejam atentos aos seus textos. Poucos escrevem como Ricardo Araújo Pereira. Com a devida vénia, aqui vai:

"Profs....a culpa é deles!
Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou o ensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles, aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida.
É evidente que a culpa é deles. E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é uma acusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam os professores.
Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas que escolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares.
O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssem algum tipo de sabedoria, tê-la-iam usado em proveito próprio. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não. A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento.
O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta por passar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e a ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais - até porque sofro de quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contacto entre crianças e adultos masoquistas.
Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão.
Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novas qualidades, este mundo.
Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povo cigano.
Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem das escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é a minha proposta.
Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menos esperança.
Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo."

Ricardo Araújo Pereira in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão

Bem Vindo ao blog Público e Privado

Como o título refere esta é uma mensagem de boas vinda a todos aqueles que visitam pela primeira vez o nosso Blog.

Aqui iremos publicar textos de reflexão, pensamento, crónicas ou qualquer outra forma de produção escrita, sempre mantendo uma estreita relação com o que nos rodeia.

Assim, é importante referir que todos os textos aqui publicados são escritos de forma original e integral pelos autores deste blog e qualquer reprodução ou cópia dos mesmos deve ser feita apenas tendo autorização do autor do texto.

A todos os leitores, vivam os textos e tirem deles mais do que simples letras.